Quem quer viver para sempre? Não é de hoje que a busca pela longevidade é um dos principais objetivos dos seres humanos. Foram séculos de busca por soluções, mas a natureza sempre foi implacável e as infecções dizimavam a população ainda jovem, com menos de 40 anos de idade ao longo da história. Esse jogo virou em 1928, com a descoberta da penicilina pelo Dr. Alexander Fleming, na Inglaterra. Após o desenvolvimento dos antibióticos, as pessoas começaram a sobreviver às infecções e a longevidade saltou dos menos de 40 anos para os 60 anos de expectativa de vida. Foi quando surgiu um novo problema: a morte cardiovascular.
Quando alguém tem um infarto do coração, se não houver tratamento rápido, a mortalidade chega a 34%, ou seja, uma a cada três pessoas que sofrem um infarto não tratado morre! E o risco de infarto começa a aumentar a partir dos 45 anos nos homens e a partir dos 55 anos nas mulheres. A humanidade foi surpreendida por esse problema ao longo do século XX, após superarem as mortes precoces das infecções, e era comum pessoas morrerem subitamente, durante os anos 60, 70 e 80 (talvez você lembre de alguém que morreu de repente na sua infância). Além do infarto do coração, o acidente vascular cerebral (AVC), que é como se fosse um infarto no cérebro, engrossava a lista de mortos nessa faixa etária.
Mas a humanidade não deixou por menos e houve um grande esforço científico para acabar com essas mortes durante os anos 70, 80 e 90. E, além de se desenvolver o tratamento do infarto com o uso de stents coronarianos, os principais fatores de risco foram mapeados e seus respectivos tratamentos foram desenvolvidos. E assim a cardiologia assumiu lugar de destaque na medicina e várias medicações para a hipertensão arterial (pressão alta), para o colesterol e para o diabetes surgiram. Houve ainda o desenvolvimento dos exames de check-up, para detecção precoce dessas implacáveis doenças. Além disso, surgiu a consciência inicial da necessidade da chamada Mudança no Estilo de Vida (MEV), que, naquele momento, incluía apenas a alimentação saudável e a prática de atividade física como pilares da boa saúde.
E foi assim que as pessoas passaram a sobreviver às mortes cardiovasculares (infarto e AVC) e a longevidade progrediu para além dos 60 anos. Entretanto um novo desafio surgiu: melhorar a qualidade de vida. Isso porque as sequelas ficavam. Uma pessoa que tinha um infarto e sobrevivia tendia a desenvolver doenças sequelares e limitantes no coração, como a insuficiência cardíaca, por exemplo, que leva a um cansaço crônico e desesperador. E o AVC não ficava para trás, com suas sequelas motoras e cognitivas. Então o foco passou a ser o desenvolvimento da medicina hospitalar, já agora no século XXI, com a criação de protocolos de atendimento rápido e o surgimento do conceito das golden hours (horas de ouro, para resolução rápida do infarto e do AVC).
Melhorou muito! E agora as pessoas já conseguem chegar aos 90 anos de idade. Entretanto a natureza continua implacável e o próximo desafio é manter a autonomia física e mental. Não basta envelhecer assistindo televisão em uma poltrona confortável, mas agora o objetivo das pessoas é manter a produtividade intelectual, viajar, conhecer lugares e vivenciar experiências aos 90 anos, além de progredir ainda mais na longevidade. Para vencer esse desafio, é necessário fazer um planejamento desde os 30 anos de idade, quando os primórdios das doenças começam a surgir. Esse é o foco do trabalho do Dr. Francisco Zacarias.
Quem quer dinheiro? A partir dos 20 anos de idade, a consciência financeira costuma surgir nas pessoas. Todos querem ganhar seu próprio dinheiro e ninguém quer ficar para trás. O foco absoluto é no trabalho e as pessoas abrem mão de qualquer coisa em nome do sucesso profissional e financeiro. A própria sociedade cobra isso, quando se fala em “estruturar a vida”. Dormir tarde e acordar cedo passam a ser uma rotina. Pensar no futuro, sonhar com o futuro. Todos querem progredir na vida. E normalmente, a partir dos 30 anos, “as coisas começam a acontecer”. As pessoas assumem cargos de maior responsabilidade, empreendem, ganham dinheiro.
Com mais dinheiro, vêm também a conquista dos sonhos pessoais: um casamento dos sonhos, uma viagem dos sonhos, um carro dos sonhos, o apartamento ou a casa dos sonhos e os filhos dos sonhos. E durante essas conquistas, o medo do fracasso surge e se torna frequente, diário. E se der errado? E se eu não conseguir ganhar dinheiro? E se eu não conseguir casar ou ter filhos? E se meus filhos ficarem doentes e eu não conseguir cuidar deles? Esse medo do fracasso se relaciona com os desejos para o futuro e todo mundo sente e carrega esse tipo de medo ao longo dos anos, até conseguir vencer na vida, prosperar.
Por volta dos 50 ou 60 anos de idade, as pessoas já não têm medo do fracasso, porque já conquistaram seus sonhos da juventude, mas existe um outro medo que surge: o medo de ficar doente e perder sua autonomia. Após os 60 anos de idade, a sensação de que está envelhecendo fica mais forte, o medo da morte e da invalidez permeia as mentes das pessoas. E é por isso que o medo nunca vai nos deixar, a partir dos 30 anos. Convivemos com o medo o tempo todo e o medo aciona mecanismos arcaicos de proteção a nossas vidas, que chamamos de instinto de sobrevivência, que é um conjunto de reações químicas que acontecem no nosso cérebro, que nos leva a lutar ou fugir diante de situações de perigo, como quando somos surpreendidos por um leão faminto, por exemplo.
O instinto de sobrevivência era ótimo quando as pessoas viviam na selva e toda semana havia um leão, um jacaré ou uma guerra para enfrentar, mas hoje em dia, não sentimos o medo forte e imediato da morte diante de um leão que vai nos atacar. Mas sentimos o medo leve e constante de não pagar as contas ou de ser internado por uma pneumonia. Esse medo constante nos massacra e provoca alterações no nosso corpo, pela liberação constante das substâncias do instinto de sobrevivência, em doses mais baixas, porém constantes. E é assim que ficamos em desconforto e isso é o que chamamos de estresse. O estresse, por sua vez, quando provoca sintomas como a insônia ou o ganho de peso, por exemplo, configura a ansiedade.
O problema é que a ansiedade provoca os atos alimentares emocionais (planejados e por oportunidade), que nos fazem comer sem sentir fome e ganhar peso sem percebermos. Além disso, a ansiedade promove a liberação da noradrenalina no sangue, que provoca a chamada vasoconstricção periférica (fechamento dos vasos sanguíneos pequenos) e, desta forma, faz a pressão arterial subir e dificulta a passagem do sangue pelos tecidos, o que chamamos de isquemia microvascular, que, por sua vez, provoca a inflamação crônica tão falada hoje em dia na internet.
Além disso, a própria gordura, principalmente a gordura abdominal, acumulada pelo ganho de peso funciona como um órgão endócrino, que produz diversos hormônios, incluindo a própria noradrenalina. Existe ainda outro processo que provoca a redução da microcirculação do sangue, que é o próprio acúmulo de gordura nos órgãos e nos músculos, que fecham os vasos sanguíneos e congestionam a passagem do sangue. E o resultado deste processo é o surgimento da hipertensão arterial após os 35 a 40 anos de idade e da inflamação observada nos exames de check-up.
Já a isquemia microvascular, explicada no parágrafo anterior, além de provocar a inflamação, também faz com que a insulina produzida pelo corpo não consiga chegar a todas as células e isso leva um estado chamado resistência insulínica, que é a fase pré-diabetes. Quando esse processo de ganho de peso e comprometimento microvascular progride, surge o diabetes tipo 2, que é o mais comum no mundo. O próprio estresse metabólico gerado pela ansiedade também leva à liberação de um outro hormônio, o cortisol, que piora os níveis de glicemia e da pressão arterial.
Com relação ao colesterol, é um pouco diferente. Isso porque a maior parte do colesterol que circula no sangue é produzida pelo fígado, então existe uma influência genética maior. Entretanto, quanto mais gordura o paciente acumula no corpo, incluindo no fígado, maior se torna sua capacidade de produzir colesterol. Ou seja, além da genética, existe a epigenética, que é quando aumentamos a predisposição genética a partir de fatores que não são genéticos.
Esse processo todo de inflamação provocada pela isquemia microvascular, associado ao aumento do açúcar circulante no sangue elevam os riscos de infecções de modo geral, principalmente as infecções urinárias nas mulheres, mas também as pneumonias, que são importantes causas de internamentos. Além disso, a inflamação crônica também provoca outras doenças como os cânceres, principalmente o de intestino e o de mama, que são dois dos três que mais matam. E, claro, a hipertensão arterial (pressão alta), o diabetes e as alterações de colesterol são os grandes fatores que levam as pessoas a terem o infarto e o AVC, além de várias outras doenças como a insuficiência renal crônica (que leva à hemodiálise), a isquemia mesentérica, a isquemia crítica de membros inferiores (que leva a amputações), a retinopatia hipertensiva e diabética (importantes causas de cegueira), disfunção erétil no homem, demências incluindo a demência vascular e o Mal de Alzheimer.
Outras doenças menos comuns também são provocadas ou desencadeadas pela vasoconstricção da noradrenalina, como é o caso da enxaqueca, da fibromialgia e da síndrome do intestino irritável. Essas doenças muitas vezes são incapacitantes e surgem a partir de gatilhos emocionais (estresse e ansiedade) em pessoas que têm a predisposição genética, inclusive elas são comumente tratadas com as mesmas medicações da ansiedade (antidepressivos).
A obesidade é uma doença e precisa ser combatida. Como já explicado antes, o sobrepeso provoca a hipertensão (pressão alta), o diabetes tipo 2, piora as alterações de colesterol, aumenta o risco de infecções e está relacionado a vários tipos de cânceres, incluindo dois dos três que mais matam. Por isso cerca de 80% de todas as mortes por todas as causas estão, de alguma forma, relacionadas à obesidade ou ao sobrepeso. Inclusive 40% da população mundial tem sobrepeso ou obesidade, o que coloca esse problema como sendo muito pior do que a própria fome.
É impossível ter saúde estando na obesidade. Já o sobrepeso não necessariamente implica em doenças, por isso existem parâmetros como o Índice de Massa Corporal (IMC), que é o mais simples e mais usado, e o Índice de Gordura Corporal (Fat Mass Index – FMI), que é mais preciso e aferido a partir de um exame conhecido como Dexa (densitometria de corpo inteiro). Outro parâmetro importante é a circunferência abdominal, que indica a presença da chamada obesidade central (“barriga do chope” ou “estômago alto da menopausa”). É importante que se tenha a consciência da necessidade do emagrecimento até que não existam mais sinais de inflamação (avaliado pelo exame de sangue chamado Proteína C reativa ultrassensível).
O emagrecimento vai muito além de se fazer dieta, atividade física ou de tomar medicamentos. Dr. Francisco Zacarias criou um método que já ajudou milhares de pessoas a emagrecer; são quatro passos que precisam ser realizados:
1- definir o perfil e aprender a controlar o comportamento orexígeno (que leva ao ganho de peso). Existem pessoas que engordam porque comem muito doce (perfil formiga); outras pessoas ganham peso porque beliscam muito no final da tarde e à noite (perfil beliscador); existem ainda as pessoas do perfil comilão, que comem muito nas refeições; e o perfil ansioso, que descontam na comida as suas emoções. Você precisa fazer uma imersão de autoconhecimento para saber quem você é e aprender a controlar esses comportamentos.
2- desenvolver sua própria estratégia alimentar. Estratégia alimentar é diferente de dieta. Uma dieta é quando se estabelece os itens do cardápio que você pode comer, já a estratégia alimentar vai além, porque significa que o paciente vai aprender sobre os alimentos e vai criar sua própria dieta, do jeito que ele quiser e puder. Desta maneira, não fica refém de dietas.
3- ganhar músculos. O tônus muscular é responsável por metade das calorias gastas pelo metabolismo, que, por sua vez, corresponde a cerca de 80% de todas as calorias gastas durante o dia. Aumentando o tamanho da musculatura, você aumenta seu metabolismo e aumenta o gasto de calorias. É o caminho sólido do longo prazo.
4- manter a motivação através de gatilhos. O emagrecimento acontece no longo prazo. Cada quilo na balança necessita corresponde a 7.700 calorias queimadas, em deficit. Por isso não existe emagrecimento transformador se não for de longo prazo. E para manter o esforço no longo prazo, a constância, é fundamental direcionar nossa mente para o processo e fazemos isso através de gatilhos que precisam ser aprendidos.
Recentemente o sono reparador foi incluído como medida de promoção de saúde. É tão importante dormir bem, quanto cuidar da alimentação e fazer atividade física. Por isso você precisa aprender sobre o processo do sono, que tem 4 fases. Fase 1 não REM (NR1), quando estamos entrando no sono, ainda meio acordados; fase 2 não REM (NR2), quando já aprofundamos um pouco; fase 3 não REM (NR3), quando já estamos de fato dormindo, mas ainda não estamos em sono profundo; e a fase mais importante, chamada de fase REM (Rapid Eyes Movement – Movimento Rápido dos Olhos).
Na fase REM, existe o relaxamento completo da musculatura, incluindo os músculos do coração e das artérias. Nesta fase, existe o sono reparador (descanso máximo do corpo) e a redução da pressão arterial (relaxamento das artérias) e dos batimentos cardíacos (relaxamento do coração). Esse relaxamento é fundamental para que a microcirculação seja reestabelecida e a inflamação do corpo seja combatida. Inclusive essa queda na pressão arterial e nos batimentos cardíacos indicam boa saúde cardiovascular. Nessa fase, ainda existe uma intensa atividade cerebral, quando fixamos a memória e surgem também os sonhos.
Para ter um sono reparador, o primeiro passo é controlar a ansiedade, porque 70% dos casos de insônia estão relacionados com a ansiedade. Além disso, é necessário aprender a técnica do sono reparador, conhecida como higiene do sono. É possível utilizar medicações na fase inicial, sempre como uma ponte até que o paciente compreenda e domine todo o processo.
O ganho de massa muscular é fundamental para a saúde e vai muito além do que a estética, inclusive a falta de musculatura, chamada na medicina de sarcopenia, hoje já é reconhecida com um problema de saúde. Os músculos são responsáveis por manter a autonomia física, que é uma pedra fundamental da saúde. Sem autonomia física, o paciente tem dificuldade de cuidar da saúde física e sofre muito do ponto de vista emocional. Além de simplesmente não poder participar de muitos encontros com os familiares ou os amigos, o que destrói a qualidade de vida.
Mas não é só isso. A chamada musculatura apendicular, que são os músculos esqueléticos dos membros, desempenham um papel fundamental na microcirculação, porque ajudam o sangue que foi bombeado pelo coração a retornar pelas veias (esse processo se chama retorno venoso). Por isso, as pessoas que têm mais músculos desenvolvem menos doenças em geral e são menos inflamadas. Além disso, quanto mais músculos se tem, mais calorias são gastas no metabolismo, o que favorece o emagrecimento e o controle do peso, que também são fundamentais para a boa saúde.
O processo de ganho de massa muscular depende de esforço e longo prazo, além de conhecimento sobre a técnica da hipertrofia. Demora cerca de um a três anos para se conquistar uma boa carga muscular, treinando toda semana. Por isso é fundamental que se tenha foco, que significa o direcionamento da mente através de gatilhos, para se manter a motivação e a constância. E aqui não vale pegar atalhos, já que o uso de anabolizantes para ganho rápido de musculatura, em vez de ajudar, piora a saúde ao estimular o crescimento dos músculos das artérias. Isso piora mais o processo de isquemia microvascular e de inflamação já explicados acima e, desta forma, provoca diversas doenças.
Mesmo cuidando dos fatores que levam às doenças, é fundamental não descuidar dos exames de check-up. Mesmo cuidando da saúde, existem casos de doenças que podem surgir e fazer exames preventivos significa ter a oportunidade da identificação precoce dos problemas. Quanto mais rápido for detectada a presença da doença, em fase ainda inicial, mais fácil fica seu manejo e seu tratamento.
O ganho da saúde através do emagrecimento, do sono reparador, do controle da ansiedade, do ganho de massa muscular e da detecção precoce das doenças é inquestionável, inclusive para pacientes mais idosos. Emagrecer e ganhar massa muscular, por exemplo, pode significar um ganho valioso em autonomia e na prevenção de lesões por quedas em pessoas idosas. Sem contar que muitas doenças observadas em pessoas mais idosas, como o Alzheimer e os cânceres, estão relacionadas com a inflamação e a má circulação microvascular. Então sempre vale muito à pena iniciar todo o processo de melhora da saúde. Comece hoje!